Missão em Cabo Delgado
Moçambique
Sofrimento em cima do sofrimento! É a impressão que fica.
Cada dia parece impossível descrever o sofrimento dos nossos irmãos. É triste o que está mesmo acontecer no Campo. Neste dia, quando chegámos ao campo dos refugiados, nós deparámos com uma outra exigência. Os donos da terra estavam a exigir a estes deslocados um valor como forma de pagar aquela terra, e quem não tinha destruíam a cabaninha da pessoa. É triste. Nesta missão é necessário o trabalho, mas também é preciso alguém que venha de fora para suplicar a estes donos da terra para deixar os nossos e seus irmãos construir as suas cabanas porque, nesta fase, os refugiados já estavam sentados a olhar para a destruição das suas cabaninhas. Os donos da terra exigem pagamento do terreno. Muitos não tem com o que pagar. Onde vão ficar? Este é Moçambique que dissemos para todos?
A cabaninha de uma mulher, viúva, que estava adiantada ontem, foi destruída. Neste dia a irmã Fátima esteve a atender os doentes e as irmãs Janete e Anabela foram precisas para entrar no mato e cortar paus para a construção da casa de uma senhora, com cinco filhos e que o seu marido foi morto. No dia anterior encontramos a fazer casinha dela sozinha como muitas mulheres meninas fazem. É triste ver que realmente, a ganância de alguns põe os outros numa miséria.
As crianças metem muita pena. Algumas já estão com barriguinhas grandes, vêem-se que estão a ficar malnutridas.
Nesta missão colaboramos com os seminaristas que estão de férias.
Agrademos as vossas orações e continuaremos a confiar na vossa oração porque estar em missão não é fácil para quem está no terreno. Mas como diz Luiza Andaluz, “quem dá e se dá por amor, não dá, recebe”. Temos muito a receber com estes nossos irmãos.
Obrigada Senhor por nos permitir esta experiência nesta quaresma.
Irmã Anabela, snsf